sábado, 15 de setembro de 2012
Meu Mundoo...
— Você não me deixa concentrar na aula, sabia?
— Por que? A gente nem conversa, como posso te atrapalhar?
— Te olhando.
— Como assim?
— Sei lá, eu fico olhando o tempo todo pra você.
— E por que você faz isso?
— Não queira saber.
— Isso é estranho.
— Eu sei. Não queria que fosse assim.
— O que você pensa quando olha pra mim?
— Milhões de coisas.
— Tipo?
— Não queira saber.
— Mas eu quero.
— Quer?
— Sim.
— Não posso dizer.
— Por que não?
— Porque assim eu me entregaria.
— Mas sem perceber você já se entregou.
— Eu sempre me entrego…
— Por que?
— Por que o que?
— Por que você se entrega?
— Eu não sei. Faço isso sem perceber, é espontâneo.
— Espontâneo assim como eu deixo de olhar pra você quando vejo que você vai olhar pra mim?
— Que?
— É. Isso que eu faço. Espontaneamente desvio o olhar quando você olha pra mim.
— Ainda bem.
— Por que?
— Você sempre me pergunta o por quê.
— Eu sei. É meu jeito. Você reparou no meu jeito?
— Eu sempre reparo no seu jeito.
— Enfim, você ainda não me respondeu por quê é bom eu desviar o olhar quando você olha pra mim.
— Porque se você ficasse olhando fixamente nos meus olhos eu iria correr aí e te beijar. Seria espontâneo, eu não iria aguentar.
— Olhando fixamente como?
— Assim, do jeito que começou a olhar agora. Aliás, por que começou a me olhar assim agora?
— Foi meu jeito indireto de dizer que eu quero que você me beije.
— Bateu o sinal, a gente precisa ir.
— Eles sim, a gente não.
— O que?
— É isso mesmo. Fica aqui. Espera todo mundo sair.
— E o que você pretende fazer quando todo mundo sair?
— O mesmo que você acabou de fazer alguns minutos atrás.
— O que eu fiz?
— Se entregou.
— Mas você também já se entregou, sem perceber.
— Eu sempre faço isso.
— E eu nunca percebi.
— Eu nunca quis que percebesse.
— Por que?
— Pegou a minha mania de perguntar o por quê das coisas?
— Não. Talvez eu já tivesse essa mania antes de você.
— É, talvez eu quem tenha pegado de você. Sabe, de tanto reparar…
— Você também repara em mim assim como eu disse que reparo em você?
— Sempre.
— Todo mundo já saiu. E agora?
— Agora você me beija.
— Te beijei. E agora?
— Agora você me espera eu devolver o beijo.
— Pronto. Foi perfeito.
— E agora?
— Agora você tem que me prometer que tudo isso vai acontecer de verdade quando eu acordar.”
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